70 anos de humor - Mussum

No aniversário de Mussum, o Guia da Semana comemora mostrando detalhes da carreira deste inesquecível humorista.

Foto: Divulgação/Arquivo
 
Zacarias, Mussum, Didi e Dedé nos áureos tempos do programa Os Trapalhões.

Um negão alegre e malandro, adorador de cachaça e ativo participante de uma boa roda de samba. Esse era Antônio Carlos Bernardes Gomes, ou, simplesmente, o Mussum. Um dos astros do grupo Os Trapalhões, exibido pela Rede Globo entre as décadas de 70 e 90, o humorista teria completado 70 anos de idade no dia 7 de abril deste ano. Nascido no Morro da Cachoeirinha (Rio de Janeiro), o 'trapalhão' não resistiu a um mal-sucedido transplante de coração e faleceu em 29 de julho de 1994, aos 53 anos.

Didi, Dedé, Zacarias e Mussum formavam Os Trapalhões . Ao último, cabia o papel de malandro do grupo: Mussum encarnava um carioca nascido no morro da Mangueira, orgulhoso de ser negro e doido por cachaça, chamada singelamente por ele de "mé". O DVD da trupe, à venda no site da Globo Marcas, continua entre os mais vendidos do site desde quando foi lançado, em 2009.

Foto: Divulgação

O humorista também ficou conhecido por, espirituosamente, inventar palavras e jargões que ficaram bastante famosos, como "Cacildes" e "Forévis". E qual fã do grupo que não se lembra de bordões engraçados como "Quero morrer pretis se eu estiver mentindo", "Crioulo é a tua véia", "Preto é teu passadis" ou "Vou me pirulitarzis" ditos pelo poeta da Magueira?

Cantando e encantando

Foto: Divulgação / Arquivo
O LP Clima Total, do grupo Os Originais do Samba, foi lançado em 1979.

Mas se engana quem pensa que a carreira do humorista começou em Os Trapalhões. Antes de trabalhar no programa, Mussum era músico do grupo Os Originais do Samba, com quem gravou 12 LPs e ganhou três discos de ouro. Nesse período, já havia participado do programa de humor Bairro feliz, da TV Globo, em 1965 e ainda servia ao Exército tendo, por isso, que se apresentar escondido para não ser reconhecido pelos superiores que não aprovavam sua carreira de comediante.

Segundo o site Memória Globo, foi durante a participação no Bairro feliz que ele ganhou o apelido de "mussum" - um peixe preto, sem escamas - dado pelo humorista Grande Otelo, pois Antônio Carlos sempre se apresentava barbeado e com a cabeça raspada. No ano de 1967, Mussum chegou a ser um dos alunos de Chico Anysio na Escolinha do Professor Raimundo, na época exibida pela TV Tupi. Foi lá que criou, aconselhado por um redator, o jeito de falar que se tornaria sua marca registrada, quando pronunciava todas as palavras com a sílaba "is" no final, dizendo coisas como "Portuguesis" ou "Aritmetiquis".

Ao lado do grupo Os Trapalhões, Mussum também participou de cerca de 35 filmes, entre os quais Os Saltimbancos Trapalhões (1981), Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987) e O Casamento dos Trapalhões (1988). Segundo dados da Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes), juntos, os filmes do quarteto de sucesso levaram mais de um bilhão de pessoas aos cinemas, com vários deles presentes na lista das 20 maiores bilheterias do cinema nacional.

Fenômeno pop

Foto: Reprodução
 

Mesmo falecido há quase 17 anos, Mussum se tornou tão popular que chegou a ser lembrado durante a vitória do Rio de Janeiro na luta para sediar as Olimpíadas de 2016. Com o objetivo de ironizar a derrota de Chicago, que contava com o apoio do presidente norte-americano Barack Obama, os fãs de Mussum usaram uma imagem dele para brincar com o slogan da corrida presidencial dos Estados Unidos. Porém, no lugar de "Yes, we can", a imagem do trapalhão é associada à frase "Yes, we créu".

O microblog Twitter, aliás, acabou se tornando um dos principais pontos de encontro dos fãs do humorista. Foram eles que organizaram, em 29 de julho de 2009 - quando se completaram 15 anos da morte -, o Mussum Day, onde a tag #mussumday ficou em primeiro nos Trending Topics por uma boa parte do dia.

Leandro Santos Fernandes da Silva, blogueiro de 28 anos, é um dos fãs de Mussum. Atualmente, o rapaz comanda o perfil @mussumaliv, que tem mais de 103 mil seguidores. Ele conta que a ideia de homenagear o ídolo surgiu no final de 2008, quando criou uma conta no microblog.

Na época, o blogueiro explica que era moda fazer perfis fakes e ele decidiu fazer o tributo. "Eu ouvia muito Os Originais do Samba e, então, me lembrei do quanto ele era engraçadão, um ícone do humor, além de ter um grupo de samba e tocar super bem", diz. "Pensei: poxa, vou fazer essa homenagem, porque acho que é uma pessoa que merece ser 'revivida'".

Muso do politicamente incorreto

Foto: Reprodução
 
Mussum encena uma das esquetes do programa Os Trapalhões.

Leandro revela que cresceu assistindo Os Trapalhões. Na opinião dele, Mussum foi o melhor humorista do quarteto. "Ele era o único que não precisava interpretar um papel. Ao assistir, você percebe que tudo ali é real e que, mesmo se não tivesse gravando, ele faria aquilo do mesmo jeito".

No entanto, se ainda estivesse vivo, Leandro reconhece que Mussum talvez tivesse problemas em contar suas piadas. "Na época, tinha muita piada de negro, bêbado e homossexual e acho que as pessoas tinham uma maior facilidade em entender que uma brincadeira quase sempre é apenas uma brincadeira, e não uma ofensa pessoal".

O blogueiro dá um exemplo da atual situação, ao dizer que até faz piada de bêbado no Twitter, mas muitas pessoas respondem dizendo que não se pode brincar com bêbado, pois o alcoolismo é uma doença. "Isso é um problema, pois acho que a galera foi perdendo o senso de humor, de brincar com as coisas".

Como é possível ver, apesar de não ter chegado a completar 70 anos, Mussum continua nos divertindo com suas tiradas e bebedeiras. Ele acabou deixando uma grande e humorada lembrança, que ainda ecoa na boca de vários saudosistas e fãs. Wes, we créu! 

Fonte: Guia da Semana


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