DJ Lenny em defesa do Funk Carioca


Pequisando sobre Funk Carioca na net me deparei com este vídeo acima.

O que me surpreendeu na verdade não foi seu conteúdo e sim o único comentário deixado por um usuário:

“lglglkjglkjlkjgf (1 mês atrás)
Eu acho q kda um tem q ter seu espaço, mais acho uma injustica chamar isso de Funk, acho q estrago a imagem do verdadeiro funk, deveria se chamar Pancadão, tem mais haver com esse "virus" que é o movimento carioca.”

Discordo completamente, arrisco inclusive a dizer que este é o “comentário padrão” recheado de pré conceitos que inclusive a maioria de vocês fariam. Não podemos dizer que o gênero musical denominado Funk ou Funk Carioca estragou a imagem do Funk (norte americano) na verdade eles são primos e não muito distantes.

Entre as décadas de 70/80 nos bailes da Furacão 2000, Cash Box, Soul Grand-Prix e tantas outras equipes - coletâneas antigas das equipes você encontra aqui - os gêneros que prevaleciam eram os "grooves" Funk/Soul de James Brown, Aretha Franklin e sem falar da Banda Black Rio, discotecados por pelos DJs Mister Funk Santos, Luizinho Disc Jockey Soul, DJ Même (é aquele do Lulu Santos) e tantos outros.

“Antes mesmo de DJs se juntarem a MCs para criar hits cantados em português, o público já gostava de cantar refrões sacanas por cima de letras gringas. Assim, músicas com “You talk too much” (Run DMC) viravam “Taca Tomate” na língua dos funkeiros. Em pouco tempo, ela já seria conhecida como “Melô do tomate”. Trecho retirado do livro: Todo DJ já sambou – Claudia Assef – Editora Conrad.

Em meados de oitenta com avanço da tecnologia musical ampliaram-se as formas de remixar músicas, fato que ajudou os djs criarem remixes mais elaborados, transformando os clássicos dos bailes em versões diferentes sendo algumas com samples de sonoridades tidas como brazucas: atabaques, pandeiro, berimbau criando e recriando músicas completamente distintas entre si.

No fim dos anos oitenta, mais precisamente em 89, era lançado o primeiro disco de Mcs Cariocas produzido pelo DJ Marlboro, Funk Brasil, fruto semeado anos antes pelo antropólogo Hermano Vianna que emprestou uma bateria eletrônica, de propriedade do irmão Herbet. Vale lembrar que Hermano é autor do primeiro estudo antropológico social sobre o Funk Carioca chamado: O Baile Funk Carioca – Festas e Estilos de Vida Metropolitanos – UFRJ – RJ -1987.

Muita água já rolou, em meio aos remix e samples infinitos o Funk Carioca já se criou e recriou como a expressão artística de uma classe social.

Hoje podemos dizer que o Funk Carioca é a música eletrônica genuinamente brasileira, frenético, dançante e elaborada por djs e produtores brasileiros como não se faz em nenhum outro lugar do mundo.

Update!
Sany Pitbull leva funk carioca para templo da eletrônica em Londres
Funkeiros cariocas se aliam a alemães em nova mistura musical

Estamos presenciando o surgimento e afirmação como cultura de um novo gênero. Pense nisso!

DJ Lenny - Fino da Bossa


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5 [ Fala aê! ]:

Zan - Rapaziada Negro é Lindo disse...

Muito Bom o post Lenny !...

Porém, acho que falta vóz ativa aos precursores do movimento, para extrair o que de realmente BOM existe nele...

Infelizmente tenho sim, um Pre Conceito do que é o Funk Carioca...

Mas, acho também que tem muita gente boa, com capacidade e vontade de utilizar o Movimento Funk (que é muito forte) para coisas boas...

A massa póbre, preta e, carente de conscientização, precisa de referencias positivas...

Quem sabe, não aparece alguém com credibilidade dentro do movimento e, assuma esse papel...

Zan-Rapaziada Negro é Lindo

Raphael Mendes disse...

O Funk na verdade nem era pra ser chamado de funk, é uma variação do Hip Hop.

DJ Lenny disse...

É Raphael, o Funk Carioca é mesmo uma grande mistura de referências. Nele é possível encontrar batuques de Umbanda e Candomblé, Loops de Miami Bass, gritos tribais além das mais variadas influências que vão do pop rock brasileiro ao Hip-hop americano.

DJ Lenny disse...

Concordo com você Zan, vale lembrar que neste ano de 2009 o Funk carioca foi reconhecido como cultura (vide post: http://finodabossa.blogspot.com/2009/09/qual-cultura-no-funk-carioca.html) graças a grande mobilização da Associação de Profissionais e Amigos do Funk (APAFunk).

Acredito que o tempo será o melhor fator para que o Funk Carioca se desenvolva e amadureça a comunicação com seus apreciadores de forma positiva.

Aproveito para sugerir que assista o video (http://www.youtube.com/watch?v=HlO8ZIhKhRo) com uma entrevista bacanuda com o Rômulo Costa dono da Furacão 2000

Anônimo disse...

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